Cerca de 99% das universidades angolanas não possuem condições que permitam a adequada inclusão das pessoas com deficiência
Adão Ramos, é um jovem com deficiência física, estudante de Ciências Políticas da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, afirma que “as universidades angolanas não estão preparadas para receber todos, sem constrangimentos, barreiras e em igualdade de acessos.”
Esta afirmação foi feita numa altura em que o cenário das Universidades não assegura a livre escolha dos meios e recursos disponíveis para as Pessoas com Deficiência, limitando assim a integração e a participação, pondo em causa a igualdade e as oportunidades.
Um levantamento feito às Universidades, permitiu constatar que as universidades Técnica de Angola, Lusíada, Privada de Angola, Óscar Ribas e Jean Piaget, não têm condições de acessibilidade às pessoas com deficiência.
Na Universidade Metodista de Angola, logo à entrada encontramos uma escada que não permite o acesso fácil às Pessoas com deficiência. Para um cidadão com deficiência em cadeira de rodas, poder entrar a universidade com relativa independência é quase obrigatório usar as instalações da Igreja Metodista, anexa às instalações da Universidade.
No interior da Universidade a mobilidade entre os pisos tem de ser feita por meio de elevadores.
Situação quase idêntica verifica-se no pólo do Palanca, onde se observam algumas rampas à entrada, e, no interior, se utiliza um elevador, cujas chaves ficam em posse de um funcionário que nem sempre está à disposição das pessoas.
“Se estivermos a falar de acessibilidade das pessoas com deficiência, no real sentido do termo, podemos concluir que a Faculdade de Letras e Ciências Sociais, não é inclusiva.” Rematou Adão Ramos, quando questionado sobre as condições de acessibilidade na faculdade em que estuda.
As nossas Universidades, e a própria Secretaria de Estado para o Ensino Superior, não perceberam ainda que a inclusão proporciona aos estudantes com deficiência, a superação de várias barreiras, assim como um crescimento académico significativo, a oportunidade de socializarem e de beneficiarem com as experiências não académicas, no ambiente universitário.
Quando procuramos saber se os factores que influenciam para que as Universidades não tenham a acessibilidade como uma prioridade, está ou não relacionado com o pouco número de estudantes com deficiência, o nosso entrevistado rebateu, dizendo que “as condições de acessibilidade às Universidades não devem depender da existência de um grande número de pessoas com deficiência a frequentar o ensino superior. Esta visão é reducionista do que são a evolução e a inclusão social.”
Um dos factores relacionado com as barreiras arquitectónicas nas Universidades é o facto de constituir um assunto não debatido. Este cenário deve-se fundamentalmente à fraca sensibilidade dos gestores das instituições universitárias, dos governantes e pressão da sociedade civil.
Quanto às obras que estão, neste momento, a ser feitas na Faculdade de Letras e Ciências Sociais, que não contemplam a eliminação de barreiras, o nosso entrevistado diz ser uma demonstração deliberada de discriminação e pouca valorização das pessoas.
Das Universidades visitadas, em nenhuma foi observada uma localização e medição de vagas de estacionamentos adaptadas às Pessoas com Deficiência, a maioria não possui rampas e portas de acesso, bem como outros elementos adaptados como elevadores, salas de aula, etc.
Diante da tanta dificuldade, Adão Ramos afirma que “às Pessoas com deficiência, que se registem a estudar são heroínas.”
As entidades gestoras do ensino superior precisam de estar conscientes de que as barreiras urbanísticas e arquitectónicas impedem as Pessoas com Deficiência de aceder a determinados espaços das Universidades e estas dificuldades físicas podem implicar, num futuro, carências no seu desenvolvimento pessoal.
Neste sentido, existe um grande trabalho a ser feito na preparação da comunidade académica, a quebra das barreiras arquitectónicas, de atitudes e pedagógicas, apoio humano e material imprescindíveis ao pleno desenvolvimento das Pessoas com Deficiências.
Para tal, torna-se necessário que, por um lado, a Secretaria de Estado para o Ensino Superior, dê a orientações precisas quanto a esta matéria, por outro, que as organizações da sociedade civil e pessoas com deficiência possam pressionar mais, a fim de garantir estes direitos e fazer valer a Constituição da República que estabelece que somos todos iguais perante as leis, e que não deve haver nenhum tipo de discriminação.Gotinhas de boas práticas
Neste contexto de inúmeras barreiras arquitectónicas, de atitude e pedagógicas, aliadas ao estigma e descriminação as Pessoas com Deficiência.
Destaca-se a UnIA – Universidade Independente de Angola, que desde 2005 tem rampas de acesso e WC em melhores condições que as restantes universidades. De referir que tal, verifica-se apenas no antigo edificio, uma vez que a nova estrutura possuí barreiras arquitectónicas.
A Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, inseriu recentemente um sistema que permite às pessoas com deficiência visual, assistirem às aulas normalmente.
“Das Universidades a que já fui a UnIA foi a única em que encontrei rampas e casas de banho, preparadas para pessoas com deficiência. Por isso, devemos referenciar este avanço.” Frisou Adão Ramos.
Will Bento Tonet, Jornalist independent
Parabéns mano, mais uma vez vejo que os teus dotes jornalísticos continuam bem apurados. Não sei quanto às outras, mas a UnIA tem um edifício novo e eu n sei se o mesmo possuirá uma rampa ou elevadores espaçosos para atender da melhor forma possível os estudantes portadores de deficiências, e desta forma merecer "mesmo" os elogios a eles endeeçados por ti mano...
ResponderEliminarAbraços e até breve.
N.S.