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terça-feira, 11 de novembro de 2008

LABORATÓRIOS TRANSPARENTES

Este texto foi escrito no dia 24 de Setembro de 2005, depois do meu grande amigo Nazaré Ndala ter visitado o quarto e sala que tivera arrendado na altura, no bairro Sambizanga.

Impulsionou a indignação de meu amigo, pelo facto de possuir no meu chimbeco, mais livros, papeis, material informático, do que mobílias. “Isso parece mais um escritório, do que uma casa” afirmou, rapidamente respondi-lhe “este local é o meu laboratório social. É aqui que formulo as minhas ideias.” Ele olhou para mim e sorriu…

Quando falamos deste espaço, vem-nos logo a mente a imagem de equipamentos sofisticados, reagentes químicos, fórmulas, epidemias, tecnologias de ponta, homens de batas brancas, etc.

O certo é que ultimamente temos observado a existência de muitos laboratórios para encomenda e poucos para a demanda resolutória de malambas.

Basta visitar ou aventurar-se em as voltas dar a Luanda, quando não é ela a dar-nos, para lermos tudo de mau a pior, ou seja, um verdadeiro terrorismo que é quotidianamente feito a esta que é a língua de todos nós, o nosso património.

Existem barbearias cujo placar encadeado, diz o seguinte, ou melhor, conseguimos e com muito esforço observar o seguinte: “Aqui faz-se cabelos de todos tipo, homem, criança, mulher e jovem”; em outros estabelecimentos encontramos escrito, a três pancadas é claro, “comcerta-se geleira”; “recachotagem”; “há chopa”; “desboqueamos, descodificamos, reparamos, motamos, vendemos saudos movicel unitel e telemóvel cem e com numero, preço da igreja”.

Épa! Meus amigos isto só mesmo a rir, porque nem a sonhar devemos deixar que estas situações perdurem. Peço que analisem profundamente o último reclame, a que alguns teimam em denominar “reclamo”.

Meus senhores se não reclamarmos agora e agirmos de imediato, este laboratório desenvolverá, se potencializará e aí nada, nem ninguém, alguém, qualquer um, muito menos todo mundo poderá imunizar os vírus que nestes laboratórios circunstanciais estão a criar.

Este país, esta pequena África, que é para os compatriotas que nunca sonharam estar em outras fronteiras, dos que vivendo nas fronteiras do Congo, da RDC, da Zâmbia, da Namíbia, nunca experimentaram a aventura colombiana ou diogocanina de pisar outros solos.

Esta mesma pequena e humilde África dos que devido as guerras das independências, das democracias, pós 1992, de tribalismos e de abusos tiveram que partir, uns para hoje voltar e ou para amanhã apenas vir passear, e outro tomorrow forever.

Como dizia esta África grande, do ritmo do Semba e das canções da Makeba, da qual a minha Angola (pequena África faz parte) merece muito mais.

Tal como estes termos dos “reclamos luminosos, encadeados, aluminados”, vêem como é transmissível, por isso é que reclamo contra estes reclames, e reclamo com tudo que nos faz mal, e que mal se faz.

Os laboratórios em que são produzidas estas ideias, inclusive a ideia de que o meu país que é de Cabinda ao Cunene, deve agora ser do Zaire ao Cunene, tendo África mais um país, ganhando as nações unidas e a SADC mais um país membro, estando os americanos e ingleses dispostos a farsa de chamar aos nossos irmãos de “hello, Cabindas this is my brother”, “I help Cabinda development for progress”.

Olhem desculpem-me donos da língua, foi apenas a gozar, é que não domino a vossa língua como muitos de vós não o fazem em relação a nossa, mas respeito acima de tudo vosso internacional idioma. Porém não sou católico, protestante, muçulmano com a vossa ideia de esgotarem nossos poços, dividirem-nos pelo petróleo, e fingirem que nos ajudam, quando devíamos negociar, intercambiar, mas vocês simplesmente tentam corromper-nos e fazer-nos de pedintes.

O meu 5.º sonho é o de podermos livrar-nos de um determinado tipo de políticos africanos, que nos envergonham em negociações estranhas. Temos a consciência de que o mal não vem apenas de fora, existem africanos que nasceram com o dom extraordinário de comprar e mesmo conseguir de forma gratuita desgraça para o nosso povo. Estes anteprojectos de políticos, têm os segundos descontados…

Mais hoje descobri! Hoje quero mostrar-vos que existem outros laboratórios, não os LabOratórios, mas um laboratório de esperança, constituído de livros constantemente lidos e claramente compreendidos. Precisamos desenvolver laboratórios de saber, de conhecimento, onde possamos reciclar os que cometem em vês de os descartar, um laboratório de unidade, o laboratório da Angolanidade.

Por hoje ficam aqui minhas escritas instantâneas, até que um dia continuem ali-acolá-lá.

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